16 janeiro 2004

Beira-Mar

Sento-me à beira-mar
ao sabor do vento
embalado no sonho
vou adormecendo

Sinto a àgua
a beijar-me os pés
tão fria e tão ardentemente
me fecha os olhos completamente

Embalado nos seus
braços ondulantes
liberto os sentimentos
em soluços constantes

Faço parte agora
do meu eu derramado
sou todo um só mar
e sinto-me desencontrado

O sonho já partiu
a areia o meu corpo invade
vejo o mar outra vez
no dia que tinha começado

23 novembro 2003

Vivo Desencontrado

Nunca me senti assim
o meu coração chora
sentimentos sem fim
eras o meu sonho
e nem fazias parte de mim

Vivo desencontrado
com o que sinto
sonho acordado
e assim me minto

Imagino o que queria
e não vivo o dia a dia
faço do sonho
o que na realidade não via

Deixa-me dormir
agora que já morri
para esta realidade
em que só tu sonho
fazias parte de mim..

03 novembro 2003

Meu Labirinto

Tiras-me a alma
quando eu te vejo
fazes da dor
o teu desejo

Acordas-me o sonho
roubas-me o beijo
vivo tristonho
sofro sem receio

Viajo pela ilusão
sem rumo ou estação
deste-me o bilhete
para o mundo da solidão

Procuro a paragem
dos meus sentimentos
quero fazer deles
inesquecíveis momentos

Tornando o passado
em apenas recordações
de algo sonhado
pelas minhas sensações

Procuro apenas ser
dono do que sinto
e não fazer do teu mundo
o meu labirinto...

26 outubro 2003

Trilho

Percorro o trilho
do sonho à realidade
sigo o teu brilho
de desejo à saudade

Percorres-me o pensamento
na tentação da idade
se agora não é o momento
desespero de ansiedade

Encontro-me perdido
no sentimento amigo
procuro mais emoções
sinto-me desiludido

Preenches-me a solidão
com o vazio da ilusão
fazes de ti o meu mundo
deixas-me sem respiraçao

29 maio 2003

Despedida

Envolvo-me no denso nevoeiro
no mar da solidão
molho os pés, molho o corpo inteiro
procuro a inspiração

Procuro palavras
para atenuar a despedida
o adeus àquela vida
sofrida mas merecida

Vivi-a intensamente
alegre e dolorosamente
agora que partes
a dor é diferente

Vejo a cegueira
em que me encontrava
iludia o meu sofrer
e não sentia nada

Partilhei contigo
os meus sentimentos
ò mar amigo
ò mar confidente
adeus agora
adeus para sempre

Agradeço-te mais que tudo
as lágrimas que me levaste
foram os meus sentimentos
com que ficaste

Guarda-os lá no fundo
onde ninguém os encontre
faz deles o teu mundo
pode ser que me reencontres..

08 maio 2003

Sem Inspiração

De me tanto exprimir
sem inspiração fiquei
tenho os sentimentos
não tenho a emoção

Não posso fingir
o que não sinto
engano os outros
mas a mim não minto

Sou filho do tempo
e ele manda em mim
se agora não é o momento
os poemas chegaram ao fim

Contaram uma vida
de sentimentos sofrida
adormecem agora
na esperança de nova vida

Verdade

Acorda-me sonho
que vivo na mentira
não me iludas
com a verdade escondida

Não me negues o sentimento
que por ele eu sofri
não me negues o momento
que já fez parte de mim

Não sofro o que arrependi
não penso o que esqueci
agora não me mintas
não te iludas a ti

De mentira
toda a gente sufoca
não percebo em que é que
a verdade te provoca

07 abril 2003

Ser Poeta

O poeta não é,
o poeta existe
vive do sentimento
respira sofrimento
e na dor insiste

Transpira sensações
de um mundo de ilusões
por ele sentidas,
são fatalidades vividas
de mágoas e tristezas erguidas

Não se reconhece na vida
vive dos sonhos
é uma alma dorida
em abismos medonhos

Procura a fuga
ao seu medo atroz
que a solidão
no coração emane
uma saudade feroz...